Dia 1
E fritamos.
Passamos horas, dias, meses a fritar.
Sentámo-nos no café do costume um ano depois. tinhamos de fritar. porque é o que fazemos sempre.
Eu estava nervosa porque iria ter um encontro, naquele mesmo sitio, dentro de uma hora, e ela disse-me "sinto que vai alguma coisa na minha vida que vai ser mesmo WOW. que vai mudar muita coisa..."
Mas continuámos a falar. Não pensámos mais no que ela disse e continuámos com as nossas conversas de fritanço. Porque evocamos memórias de um passado que permanece presente de alguma forma.
Duas teimosas que não querem esquecer o que há muito devia estar ido embora.
Dia 3
Sentadas, no carro, a olhar para o mar e a fumar 300 cigarros concluimos que "perdemos tempo a pensar no que não devemos. A reclamar de tudo e todos. Este mar é lindo, este sol inspira. O cheiro do mar... Estas pequenas coisas da vida são as que valem a pena! E estamos aqui a fumar os nossos tão adorados cigarros. A vida é curta de mais para os nossos fritanços de pessoas que não merecem. É um abrir de olhos. É ver a vida de outra maneira..."
Dia 2
À noite, ela liga-me a chorar. Suspeitas que confirmaria no dia aseguir de manhã. Pensamentos de "calma, vais ver que não é nada disso! Pode ser alguma coisa alguma coisa super simples e já estamos a pensar no pior." Pensamentos de que só acontece aos outros. Cliché.
No dia seguinte, a consulta revelou e confirmou as suspeitas.
E fritámos.
Sempre fritámos por pessoas que não nos valorizam, que nem se importam connosco, com o que sentimos. Pessoas que se estão a foder se estás bem ou estás na merda.
Mas tu continuas a dar importância a essas pessoas.
E depois... ?
Depois percebes que tanto fritaste por essas pessoas e que estiveste mal por elas e de repente sabes que a tua amiga, que se preocupa verdadeiramente contigo, que gosta de ti e cuida de ti quando estas mal e diverte-se contigo quando estás bem, está doente.
E pela primeira vez na tua vida, fritas por alguém que merece o teu fritanço, o teu sofrimento.
São estas pessoas por quem devias ter fritado antes e não por pessoas passageiras que entram na tua vida, mas que apenas permanecem nela por instantes.
Chavala, estou aqui para o que der e vier. Porque, como já te disse, sinto isto quase como se fosse comigo! Para o bem e para o mal vou estar presente. Vou estar ao teu lado, a dar-te a mão e, se tiveres medo, vou-te fazer rir como se tivesses ouvido a anedota mais divertida do mundo. E quando isso não for suficiente e não controlares as lágrimas, dou-te um abraço e choro contigo. Porque este é o meu papel de amiga, de irmã. Um papel que cumpro com muito gosto!
A vida são dois dias e um passámos a fritá-lo por pessoas que não merecem. Agora isso acabou.
Ly, best.